O brasileiro terá de reaprender a conviver com uma taxa básica de juros (Selic) de dois dígitos já no início do próximo ano. As projeções da economista Fernanda Consorte, do Banco Ourinvest, apontam que os juros básicos da economia podem chegar a 12% no final do ciclo de aperto monetário.

O Banco Central tem elevado a Selic na tentativa de conter a inflação. A taxa básica de juros, que permaneceu entre 4% e 2% ao ano entre 2019 e 2020, entrou em trajetória de alta em 2021 e hoje está em 7,75% ao ano.

Para Fernanda, os fatores inflacionários deste ano - os preços elevados de energia e combustíveis e os problemas de oferta - continuarão a ser sentidos em 2022.

Além disso, o ambiente fiscal, já bastante fragilizado, pode ser ainda mais impactado com a proximidade das eleições, que costuma abrir espaço para medidas populistas, segundo a economista. Tendo esses fatores como base, Fernanda projeta inflação em 5% para 2022.

Outro ponto de alerta destacado pela economista é a elevação dos juros nos Estados Unidos. “Olhando a situação norte-americana, não achamos impossível o aumento dos juros nos próximos meses, o que dificultaria a queda da taxa de câmbio de qualquer país emergente”, afirmou a economista do Banco Ourinvest.

“O câmbio dificilmente vai ficar abaixo de R$ 5 ao longo deste ano”, avaliou Fernanda, que projeta a taxa para 2022 próxima de R$ 5,50.

Ainda com relação às pressões internacionais, a economista alerta para o risco de agravamento da relação entre Estados Unidos e China, cujo impacto nas economistas parceiras é difícil de ser calculado.

Diante de todo o cenário que se desenha, a previsão do Ourinvest para o crescimento do PIB de 2022 é de 1%, o que o banco considera um voo de galinha.

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